Kundalini é o poder do desejo puro dentro de nós, é a energia da nossa alma, da nossa consciência. Kundalini é a nossa emanação do infinito, a energia do cosmos dentro de cada um de nós. Como nossa energia criativa, ela pode ser imaginada como uma serpente enroscada, adormecida na base da nossa coluna. Uma energia adormecida dentro de nós que se desperta, expande a nossa consciência. Kundalini é a potencialidade de que todos nós somos capazes.
E quando nós despertamos a nossa Kundalini, nós nos tornamos cônscios de nossas capacidades criativas, de nossa finitude diante do infinito. A Kundalini torna possível a nós, seres humanos com identidades finitas, relacionarmo-nos com nossas identidades infinitas. E nós tornamos isto possível quando o nosso sistema glandular é activado e o nosso sistema nervoso fica forte, e estes são combinados para se criar um movimento ou fluxo no fluido espinhal e uma sensitividade nas terminações nervosas. Nestas condições, o cérebro recebe os sinais e os integra.
Como resultado, toda a nossa percepção se expande numa tremenda claridade. Percebemos os efeitos e os impactos de uma acção antes dela acontecer. Adquirimos o poder da escolha de agir ou não. A consciência nos dá esta escolha e a escolha nos dá liberdade. Quando conseguimos um fluxo constante da Kundalini é como se estivessemos nos despertando de um longo cochilo, deixamos de viver numa realidade imaginária e nos tornamos compromissados com os nossos propósitos e metas, aproveitando muito mais os prazeres da vida.
O nosso sistema foi construído para sustentar o despertar da energia Kundalini, resta-nos saber se estamos usando-a em toda a extensão desta potencialidade. O fluxo da Kundalini é liberado a partir do chakra do umbigo e sobe até ao chakra coroa, acima do topo da cabeça; aí a energia começa a descer, passando pelos Chakras até à base da nossa coluna. Depois de alcançar o chakra raíz, ela volta para o centro do umbigo.
A ascensão da energia é o caminho para a libertação. É chegar à percepção de que a realidade de Deus está dentro de cada um de nós. A ascensão da Kundalini é o desenroscar da consciência Deus, o testemunho da realidade do poder ilimitado que é a essência de nossas almas.
A descida da Kundalini é o caminho da manifestação. Os Chakras abrem-se nesta descida. E assim que os Chakras se abrem, a nossa essência é consolidada em nosso carácter, nossos dons são integrados em nossos comportamentos e acções. Nossos talentos se tornam uma parte prática em nossas vidas. O que nos referimos como manifestação aqui são as "vibrações", que é uma tradução aproximada do termo sânscrito "Chaitanya". Chaitanya (vibrações) é a força integrada do nosso ser fisiológico, mental, emocional e religioso. Portanto, a descida da energia Kundalini simboliza esse despertar do nosso potencial e nos traz a consciência de Deus para todas as nossas actividades quotidianas.
A iluminação ou auto-realização é conquistada quando o ciclo de ascenção e descida se completa. Auto-realização é o nosso primeiro encontro com a Realidade. O despertar da Grande Mãe dentro de nós que a partir de então irá cuidar de nós, dando-nos toda a protecção que precisamos. A Kundalini cura-nos, melhora-nos e confere-nos todas as bençãos. Ela varre para fora da nossa realidade todas as nossas preocupações dos níveis mais grotescos.
Kundaliní é uma energia física, de natureza neurológica e manifestação sexual. O termo é feminino, deve ser sempre acentuado e pronunciado com o í final longo. Os leigos aplicam o termo no masculino e pronunciam “o kundalíni”, mas está errado. Repetimos: o termo é feminino, deve ser pronunciado com a tônica na primeira sílaba e a longa na última. Pronuncie em voz alta para fixar a correção: kundaliní.
Significa serpentina, aquela que tem a forma de uma serpente. De fato, sua aparência é a de uma energia ígnea, enroscada três vezes e meia dentro do múládhára chakra, o centro de força situado próximo à base da coluna e aos órgãos genitais. Enquanto está adormecida, é como se fosse uma chama congelada. É tão poderosa que o hinduísmo a considera uma deusa, a Mãe Divina, a Shaktí Universal. Todo o sistema do Yôga, de qualquer ramo, apóia-se no conceito da kundaliní.
De fato tudo depende dela conforme o seu grau de atividade – a tendência do homem à verticalidade, a saúde do corpo, os poderes paranormais, a iluminação interior que o arrebata da sua condição de mamífero humano e o catapulta em uma só vida à meta da evolução sem esperar pelo fatalismo de outras eventuais existências.
Se você já tiver lido explicações místicas ou confusas sobre a kundaliní, vamos simplificar isso. O conceito freudiano de libido e o reichiano de orgônio chegaram bem perto do princípio e anatomia da kundaliní no Yôga Antigo. Se você quiser um termo leigo, mais compreensível, pode traduzir kundaliní simplesmente como sexualidade. Freud e Reich tentaram domá-la para fins terapêuticos. Como nenhum dos dois possuía a Iniciação de um Mestre nesses mistérios, ambos fracassaram e deixaram à posteridade uma herança meramente acadêmica de teorias sobre o assunto, sem grandes resultados práticos.
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